Hoje em dia, reuniões de negócios quase não falam mais de negócios. O papo gira em torno de vendas fracas, metas batidas no desespero ou o vexame de não ter batido. Mas e o pensamento estratégico?
O que mais se escuta são palavras como “meta”, “cota”, “margem”, “custos”, “produto”, “preço”… E aquelas outras que dariam real direção ao negócio — tipo “plano”, “visão”, “estratégia”, “ação conjunta”, “tendência”, “comunicação integrada”, “foco”? Essas viraram quase mitologia.
Esse cenário não é só um problema de discurso. É o reflexo de uma cultura imediatista que tem corroído empresas, destruído carreiras e, no meio do caminho, afetado a saúde mental dos times. E isso não é novidade.
A gente vive essa contradição todos os dias: queremos resultados rápidos, mas também queremos crescimento sustentável. Desejamos eficiência máxima, mas com equipes esgotadas. Queremos inovação, mas sem dar tempo pra pensar. A consequência? Um ambiente onde se colabora menos e se compete mais — e quem tem mais repertório, esconde, para não ser mal interpretado.
E o mais louco: informação não falta.
Tá tudo aí — no LinkedIn, em palestras, nos podcasts. Todo mundo já falou ou fala sobre isso. Mas repetir é necessário. Eu venho da área da saúde, e lá a gente aprende que repetir e consolidar conhecimento salva vidas. Então vamos repetir mais uma vez.
O imediatismo nas organizações traz efeitos concretos. A rotatividade dispara porque a pressão e a falta de perspectiva espantam talentos ou os empurram pra zona de conforto. O burnout virou quase regra. Ser multitarefa tem limite — e a conta chega, em forma de ansiedade, esgotamento, adoecimento. A qualidade despenca, porque a pressa não combina com profundidade. E quando não há direção, nem reconhecimento, o propósito evapora, mesmo entre os mais comprometidos.
Pra virar esse jogo, é preciso reaprender a plantar antes de colher. Programas de desenvolvimento contínuo não trazem frutos imediatos, mas criam raízes firmes. Exigem paciência, investimento e liderança presente. Uma cultura organizacional sólida não nasce de uma frase bonita na parede, mas de relações adultas, coerentes, que sustentam o discurso com prática. Metas também precisam de curadoria adequada. Não é baixar a régua — é respeitar a realidade do mercado e da condição humana. E a liderança precisa ser empática, saber ler o outro, dar suporte, encorajar, sem adoecer ninguém.
Por fim, quem está no jogo também precisa assumir seu papel. Propor mudanças, buscar mentorias orientadoras, que ajudem a estabelecer limites. Protagonismo exige ação com maturidade.
Ficar reclamando do mercado ou da empresa não resolve nada. Toda organização tem ciclos. E você precisa entender o que fazer quando a fase boa passa e começam as cobranças tensas. Não dá pra controlar tudo — mas dá pra controlar como você reage, faz escolhas, se posiciona.
Fica o convite: observe as chaves que você pode virar no seu dia a dia. Às vezes, um ajuste de postura muda tudo.
E aí eu te pergunto — você está pronto pra continuar lúcido e estrategicamente ativo num ambiente de urgências? Se a resposta demorou… talvez esse seja o sinal. Procurar uma mentoria pode ser exatamente o ponto de virada. Mas isso, claro, é conversa pra um próximo café.
Daniel Souza – empresário, mentor de carreira, escritor e músico. O post mexeu contigo? contate no link do meu nome.