Afinal, estamos falando de profissionais experientes, autônomos, com repertório e estrada. Só que não.
Basta pisar no campo para perceber que é um jogo onde o placar não aparece no telão — ele se desenha no modelo de escuta, na qualidade das perguntas e na calibragem do ego.
Tem gerente que ainda acredita que comando vem com voz firme e testa frisada. Confunde autoridade com controle, como se presença significasse ocupação de espaço e não construção de ambiente. E o vento do autoritarismo entra em cena como recurso de segurança. Um método endurecido e ultrapassado. Porque gente boa mesmo, com história e competência, não opera bem sob ameaça. Gente boa quer viver contextos, exige respeito, direção e liberdade. E tudo isso exige construção.
O problema é que construção dá trabalho e gera envolvimento.
Com equipes seniores, o gerente não precisa saber mais e sim, melhor. Significa estar emocionalmente inteiro, atento às sutilezas, disponível para rever rotas e com ZERO preocupação com pose.
Fala sério, não dá pra gerenciar um time sênior como se fossem alunos do ensino médio. O repertório, a coerência, a capacidade de articular caminhos, somados ao desconfiômetro do gerente de “saber sair da frente” quando o time já entendeu o jogo, isso sim é saber gerenciar.
O grande desafio é o equilíbrio entre pulso e escuta, entre dar espaço e estar por perto, entre corrigir e confiar. Gerenciar é encontrar esse meio do caminho, e isso só se faz com alinhamento entre a maturidade da equipe e a maturidade do gerente.
Gerenciar seniores é menos sobre ações operacionais e mais sobre estratégia e ambientes seguros. É dever moral do gestor criar ambientes onde opiniões e diferenças não definam ninguém. Mas podem trazer boas soluções.
Agora, se você ainda precisa se impor para ser ouvido, isso é um problemão. A mensagem deve ser segura, simples e, ao mesmo tempo provocadora. Em times sêniores, o respeito é concedido, não imposto. E a confiança, uma estrada de mão dupla.
Por isso, se seu estilo denuncia uma tendência à certa bipolaridade, tipo hoje confio, amanhã talvez, depois confio de novo, vou ser direto: você já virou peça decorativa e não percebeu. Mas, como eles são seniores, vão te convencer que você é “o cara”…e cada um vai fazer o seu corre.
No fim, o gerente que vira líder é o que entende que seu papel não é o de herói solitário, mas de facilitador de um grupo potente. Que sabe a hora de falar, de calar, de ceder e de sustentar. Que sabe que, quando o time é bom, gerenciar é mais sobre afinar o instrumento do que reger.
Cá pra nós, enquanto isso, até que alguém seja reconhecido como líder… é só um ocupante de cargo. E isso tem prazo de validade.
Boa semana pra quem sabe ouvir. E também pra quem está aprendendo.
Daniel Souza – empresário, mentor de carreira, escritor e músico. O post mexeu contigo? contate no link do meu nome.